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Tema: Artigos

O LADO SOMBRA DA PERSONALIDADE


Sombra

Aquilo que não fazemos aflorar à consciência aparece em nossas vidas como destino - C.G.Jung

Se pararmos para analisar acabamos concluindo que a noite inspira emoções diferentes das emoções inspiradas pelo dia. Uma balada seria pouco procurada se acontecesse ao meio dia, já no final da noite é bem estimulante. O efeito da noite sobre as emoções é tão forte que boa parte dos suicídios e crimes passionais ocorrem tarde da noite.

Aqueles que amam e que sofrem sabem muito bem que a tristeza maior explode nas madrugadas. A noite com seu clima de silêncio, a meia luz, ruas já mais vazias, são inspiradoras para as dores do amor. O amor e o ódio entre casais e pessoas diversas atingem seu ponto culminante quando a lua aparece. É a hora suprema em que as emoções são liberadas e as dores aparecem.

Durante o dia, a mente é outra. O sol brilha e nossa mente está ligada, objetiva, completamente apropriada para que os afazeres de um longo dia sejam resolvidos. Há pessoas por todos os lados, movimento, relacionamentos do tipo "toma lá-dá cá", rápidos e práticos. As conversas giram em torno de assuntos do cotidiano. O sol é muito poderoso com toda sua energia e nos coloca em atividade, exercícios, cuidados estéticos, esportes, trabalho, tudo é muito claro e prático.

Na hora em que o sol se põe, nossa mente do dia dorme e é substituída por nossa mente noturna. Saem as objetividades e entram as subjetividades. Os aspectos internos dominam o exterior de cada um. "Sai o astral prático e entra o astral poético, sai o sol, entra a lua, sai o clima atlético e entra o clima sexual."

Assim como os dias são divididos pelo sol e pela lua, que refletem estados de espírito opostos, cada um dos seres humanos também possui internamente esta divisão. Faz parte da natureza humana a dualidade, com um olhar mais especializado para o lado de fora e saberemos o que está dentro de cada um. É difícil olhar para isso. É difícil olhar para si mesmo e se dar conta de que dentro existe um outro reprimido, acuado, esquecido, desprezado. Mas existe!

Por mais que não queiramos aceitar, somos imperfeitos. E é justamente disto que estou falando neste momento. A dificuldade de aceitar em nós mesmos, a nossa agressividade e vergonha, a nossa culpa e a nossa dor, o nosso amor e o nosso ódio, a nossa bondade e maldade. Mas é justamente isso que nos define como humanos e buscamos sempre negar.

A essas forças antagônicas internas, Jung - da psicologia analítica, deu o nome de Sombra. Todos nós possuímos, "ou somos possuídos", por uma sombra. Por definição a Sombra é inconsciente e nem sempre é possível saber se estamos ou não sob o domínio de alguma porção da nossa Sombra. Para podermos ser capazes de encontrar a sombra na nossa vida cotidiana e nos tornarmos mais inteiros e completos, é preciso ter uma compreensão mais abrangente e é essa a proposta deste texto.

Definição

"Por Sombra, quero dizer o lado 'negativo" da personalidade, a soma de todas aquelas qualidades desagradáveis que preferímos ocultar, junto com as funções insuficientemente desenvolvidas e o conteúdo do inconsciente pessoal".

O inconsciente pessoal é para Jung as crenças, conceitos aprendidos como verdades dentro do contexto familiar. Por isso importante entender que a Sombra é negativa a partir do ponto de vista da consciência, como dizia Freud - Pai da Psicanálise - ela não é totalmente imoral e incompatível com a nossa personalidade, pelo contrário. Podemos deixar viver o outro em nós de forma saudável.

A Sombra aproxima-se mais daquilo que Freud entendia como "o conteúdo reprimido" e apesar de algumas diferenças entre os pensamentos destes dois teóricos importantes, basta saber para este momento que a Sombra é simplesmente aquilo que nos negamos a ser.

Origem da Sombra Pessoal

Com um ou dois anos de idade aproximadamente temos uma personalidade muito abrangente, vamos ilustrar dizendo que é "uma personalidade de 360 graus". Quando crianças, somos pura energia que irradia para todos os lados, sem controle, sem censura, sem limitações. Até que um dia percebemos que nossos pais não apreciam algumas partes desta personalidade de 360 graus. E nesse dia eles dizem: "Você não consegue ficar quieto? ou "Não é bonito brigar com seu irmãozinho".

Neste momento, de forma inconsciente, pegamos este aspecto agressivo ou inquieto e colocamos na Sombra, como forma de manter o amor de nossos pais.

Vamos imaginar que a Sombra é uma sacola invisível que carregamos nas costas durante a vida, nela será depositada aquela parte de nós que entendemos que nossos pais não apreciam. Ao entrarmos na escola, nossa sacola já está bastante cheia e aí os professores dizem: "O bom aluno não fica bravo com coisas bobas", e lá se vai a raiva pra sacola. Em seguida entramos na fase de adolescência e agora quem nos pressiona não são mais os adultos, mas o nosso próprio grupo.

Para fazermos parte do time de futebol temos que colocar na sacola, todo o nosso lado mais lento, e para aqueles que querem fazer parte da turminha "que sabe tudo", temos que colocar a falta de conhecimento na sacola e mostramos o adolescente, que sabe tudo, aquele que é ligado, rápido, esperto, ativo, atento, etc.

Aparentemente isso nos mostra uma preservação do lado positivo, saudável do ser humano, mas na verdade o que está acontecendo é uma anulação completa da personalidade em prol de fazer parte de um grupo, preencher suas carências e ser aceito, não pelo que é, mas pelo que desejamos parecer ser.

Nisso incluímos também os aspectos físicos. Roupas, cabelos, celulares, tênis, tudo que está na moda, faz parte do clube, quem não tem, não faz parte e não pode ser querido, portanto, cria-se um esquadrão dos consumistas. Percebam que nossa sociedade atual é completamente consumista. Precisa ser aceito, tendo o que os outros tem, fazendo o que os outros aceitam como certo.

O tempo passa, estamos na vida adulta, repetindo ainda aqueles conteúdos inconscientes da infância como forma de sermos aceitos pelo outro e deixamos um lado enorme de nós mesmos completamente reprimido. Nossa personalidade que era de 360 graus, agora está completamente limitada a ser aquilo que acreditamos que os outros querem. Imaginando que só uma fina fatia existe conscientemente, todo o restante está na sacola. Portanto a Sombra está enorme.

Algo que ocultávamos nos enfraquecia, até percebermos que esse algo éramos nós mesmos - Robert Frost

A Sombra No Cotidiano

Um rapaz de 24 anos com uma pequena fatia de 40 graus, conhece uma garota da mesma idade com uma fatia equivalente a dele. Eles namoram e se casam unindo suas duas fatias, que não formam uma pessoa com os 360 graus iniciais da vida. Um busca no outro aquilo que lhe falta, mas não encontram. Assim podemos entender que o casamento, quando a Sombra de cada um é muito grande, acarreta solidão desde a lua-de-mel.

A busca de encontrar no outro aquilo que não temos é frustrante e alimenta ainda mais o vazio existencial. Isso quando não começamos a identificar a nossa Sombra no outro e aquele que era o "amor da nossa vida", passa a ser o "terror da nossa vida". Ver no seu parceiro conjugal tudo aquilo que você reprimiu ao longo da vida e que abomina, não é nada fácil, mas é exatamente isso que acontece na maior parte dos problemas de relacionamento.

Embora seja menos reconhecido como fator-chave na formação da Sombra do que a família, a escola ou a igreja, o ambiente de trabalho exerce enorme influência para que nos comportemos de maneira a alcançar adequação, adaptação e sucesso. No trabalho todos tentamos agradar nossos chefes, colegas e clientes, geralmente escondendo nossas porções desagradáveis — nossa agressividade, avidez, competitividade ou opiniões ousadas — nos mais profundo recesso do nosso ser.

Mas isso não impede de encontrarmos no chefe tudo aquilo que reprimimos na Sombra, tudo aquilo que não deixamos aparecer, surge na figura do chefe. Por isso que a maioria dos trabalhadores não suporta o chefe. Muda-se a figura que incomoda, mas a irritação acaba sendo pelos mesmos motivos: a Sombra. O fato é que acabamos por ver nosso lado Sombra no comportamento alheio.

Quando nos observamos criticando as pessoas e, mais especificamente, determinados tipos de comportamento, convém prestar atenção pois poderá ser um aspecto de nossa própria Sombra que estamos querendo negar. Normalmente fica difícil verificarmos em nós aquilo que não "gostamos" e por isso escolhido para ser colocado na sacola, mas não tem como escapar, entramos em contato com estes conteúdos no contato com o outro.

É mais fácil verificarmos o que de ruim tem o outro do que nós mesmos. Assim entramos em contato com a nossa Sombra, mas através daquelas pessoas que nos irritam e que não gostamos.

Um exemplo de manifestação da Sombra: alguém que detesta e agride pessoas homossexuais pode ser porque, na verdade, ele mesmo tem um lado homossexual reprimido. Outro caso: alguém que critica outra pessoa por ser inconseqüente e boêmia pode estar incomodada porque, na verdade, esta outra pessoa faz exatamente o que ele gostaria de fazer.

Homens que reprimiram muito o seu lado feminino, incrivelmente encontram em sua vida mulheres que os hostilizam e o mesmo se dá com mulheres que reprimiram muito o seu lado masculino e só fizeram aparecer em si sua feminilidade exacerbada, muito provavelmente encontrarão em suas vidas, homens insensíveis, brutos, hostis.

Ah, se fosse assim tão simples! Se houvesse pessoas más em um lugar, insidiosamente cometendo más ações, e se nos bastasse separá-las do resto de nós e destruí-las. Mas a linha que divide o bem do mal atravessa o coração de todo ser humano. E quem se disporia a destruir uma parte do seu próprio coração? - Alexander Solzhenitsyn

O lado sombra é ruim?

Podemos pensar na Sombra como características do nosso "eu" com as quais perdemos contato, esquecemos ou renegamos. Numa cultura onde é necessária a agressividade até como uma condição de sobrevivência, reprimir seu lado manso e bom são necessários. Pensando assim, fica fácil entender que a Sombra pode conter não somente os aspectos “maus” aos quais tentamos renunciar, como violência e perversidade, por exemplo, mas também aspectos “bons”, como a bondade e a compreensão que, muitas vezes, acabamos esquecendo que possuímos, por tanto necessitarmos nos proteger.

Lembrando que o conceito de “bom” ou “ruim” é relativo, é preciso dizer que o lado Sombra não é composto apenas de sentimentos ruins, ainda que esta seja a prevalência. A Sombra pode também ser algo de bom que queremos negar, por não ser útil as necessidades do contexto de nossas vidas. Para determinadas pessoas, um comportamento bom pode vir a ser motivo de fraqueza diante de relações sociais regidas pela competitividade e violência, tornando-se a Sombra algo perigoso para a sobrevivência.

Numa guerra, por exemplo, o soldado não tem como ficar pensando em bondade e caridade, por isso precisa reprimir estes sentimentos durante a ação.

A menos que tenhamos consciência de sua existência e funcionamento, a sombra quase sempre é projetada em alguém ou alguma coisa para que de uma forma inconsciente e protegida não tenhamos o horror de nos percebermos como aquilo tão odiado. Eu jamais terei ou serei isso. Nunca! Entenda, portanto, que por este motivo geralmente as pessoas fazem os outros carregarem a sua Sombra no lugar delas. É mais suave, mais ameno, menos gerador de ansiedade e conflitos. Quando você recebe uma projeção deste tipo, quando alguém coloca em você as responsabilidades por coisas que você passou a vida toda cuidando para que não saíssem da sacola, é aí então que o conflito é inevitável.

O grande problema dessa situação é o desconhecimento do fato, o que se dá no caso da Sombra, quando os conteúdos psíquicos negados se transformam em complexos que poderão adquirir autonomia, imunes à ação da consciência. Nessas condições, algo parece existir que nos leva em uma direção quando gostaríamos de seguir em outra, fazendo não aquilo que conscientemente sabemos ser o melhor, mas o que as forças inconscientes nos induzem.

Determinados casos de vícios, de comportamentos obsessivos-compulsivos, de emoções e atitudes repetitivas e incontroláveis podem ser explicados dentro desse referencial. Assim, um grande desafio para o encontro do equilíbrio emocional é tornar consciente nossa Sombra dando-nos uma visão mais clara de nossa personalidade de 360 graus, o Self, que é nossa totalidade. Estudar-se e conhecer-se em processos psicanalíticos, é o melhor caminho para o alcance da felicidade e da paz interior.

Curiosidade e Aprofundamento

Passamos nossa vida decidindo quais partes de nós mesmos que poremos na sacola de acordo com as vivências que vamos tendo ao longo do tempo, até que chega o momento de querer retirá-las de lá. É exatamente pelo fato de termos conflitos e não seguirmos no caminho que dizemos querer seguir que isso acontece.

Não temos uma educação que nos ensine a sermos mais autênticos, a própria sociedade nos impôe muitos princípios morais que nos determinam a ser aquilo que querem de nós. Não sabemos quem somos, e se sabemos, procuramos não mostrar para não sermos repudiados e mal compreendidos. Assim fica muito mais difícil abrir a sacola que está tão bem lacrada.

O conflito se instala quando um lado acha que não é legal e que não será aceito e o outro sente-se menos porque deseja realizar algo que se propôe a fazer mas que não consegue. Quando duas forças estão se batendo num mesmo sentido, não ocorre o movimento, mas sim a estagnação. É nesse momento que normalmente as pessoas se dão conta de que tem algo que não está legal e precisa buscar ajuda pra compreender e continuar assim a caminhada da vida.

Escrevendo isso lembrei de uma história que é bem conhecida de uma grande maioria e que retrata bem a Sombra e o que estamos falando até aqui. Certa noite, Robert Louis Stevenson acordou e contou para a sua mulher um trecho do sonho que tinha acabado de ter. Sua esposa o convenceu a transformar este sonho num livro que hoje é conhecido por "Dr. Jekyll e Mr. Hyde", ou também como o "Médico e o Monstro". O lado agradável da personalidade torna-se na nossa cultura idealista, cada vez mais agradável.

O homem ocidental talvez seja, por exemplo, um médico liberal que só pensa em fazer o bem. Em termos morais e éticos, ele é maravilhoso. Mas a Sombra guardada na sua sacola assume personalidade própria, ela já não pode ser ignorada. A história conta que a Sombra trancada na sacola aparece, certo dia, em uma outra parte da cidade. Ela está cheia de raiva e, quando finalmente é vista, tem a forma e os movimentos de um monstro.

O que essa história conta é que quando colocamos uma parte de nós na sacola, essa parte regride. Retrocede ao barbarismo e libera todos os impulsos reprimidos por anos, perdendo totalmente o controle. Imagine um rapaz que lacra a sacola aos 20 anos e espera uns quinze ou vinte anos para reabrí-la. O que irá encontrar?

É triste, mas toda a sexualidade, selvageria, impulsividade, raiva e libedade que ele colocou na sacola regrediram, não apenas seu temperamento se tornou primitivo da mesma forma que estes conteúdos agora também são hostis a própria pessoa que a criou. O homem ou a mulher que abrem a sacola aos 45 anos sentem medo. Eles dão uma olhada e vêem a Sombra de um monstro. Quem é essa pessoa dentro de mim?

Cada parte da nossa personalidade que não amamos se tornará hostil a nós. Ela também pode distanciar-se de nós e iniciar uma reviravolta contra nós, conforme expliquei quando homens ou mulheres negam a sua porção contrária, tem em contra-partida a hostilidade do sexo oposto.

Diante da maioria das casas balinesas existe uma figura esculpida em pedra que mostra hostilidade, ferocidade, agressividade e normalmente é feita com grandes dentes agudos. A intenção dos balineses não é de dissipar as energias agressivas, como nós fazemos quando jogamos futebol ou praticamos alguma luta. Seu ideal é fazer com que essas energias emerjam pela arte.

Talvez os balineses sejam violentos e brutais na guerra, mas na vida cotidiana, parecem ser bem menos violentos do que nós. Eles sublimam sua agressividade e por isso ela é saudavelmente expressada.

Encontro com a Sombra

Já vimos como o “lado sombra” existe e se manifesta. Passemos então a refletir sobre como lidar com a existência de aspectos inconscientes de nossa personalidade, que acabam por governar nossos pensamentos e atitudes.

Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que não é possível evitar o desenvolvimento do lado Sombra. A Sombra surge como um processo natural do psiquismo, a partir da infância, e tem funções defensivas importantes quanto às nossas características com as quais o "eu" não consegue lidar e que, por isso mesmo, as mantêm “escondidas”, em regime de repressão.

Não existem, portanto, medidas que assegurem o não desenvolvimento do lado sombra. Entretanto, existem muitas formas de tomarmos consciência do fato e adotarmos medidas para sermos inteiros e felizes da forma que somos, de maneira a impedir que o lado sombra ganhe autonomia e passe a governar nossas vidas mesmo que a nossa revelia, e isso acontece pelo desconhecimento deste nosso lado e pela dificuldade de assumirmos esse lado como pertencentes a nós. Como exemplo disso que estou falando, acho interessante lembrar alguns casos onde pessoas consideradas muito tranquilas e boas, mataram friamente impulsivamente.

Nesse sentido, a forma de alcançar a personalidade 360 graus e ter uma vida mais íntegra corresponde à fazer terapia para a elaboração do lado sombra.

A palavra “elaboração” ganha um sentido especial quando tratamos de conceitos psicanalíticos. “Elaborar” significa “refletir verbalizando uma emoção” para que, na instância do "eu", sejam apreciados os prazeres e desprazeres que estão em jogo, ou seja, nossa aceitação dos desejos inconscientes ou nossa necessidade de adaptação às exigências da realidade exterior, a fim de que o resultado final possa ser utilizado como produto de experiência para o amadurecimento da alma.

Parece confuso? Entenda que todos os conteúdos inconscientes ficam registrados sob sua forma simbólica e não verbal. Dessa maneira, para os trazermos à atividade reflexiva do Ego consciente é preciso dar-lhes uma forma concreta e verbal. Aí inicia-se a elaboração. Só que alguém já deve estar se perguntando: se o conteúdo é inconsciente, e eu não o conheço, como trazê-lo à luz da razão, traduzindo-o em palavras?

Os conteúdos inconscientes não podem ser observados diretamente, mas se apresentam indiretamente pelos sintomas produzidos. Entre os diversos sintomas podemos citar:

• Os “atos falhos”, que são erros de linguagem como trocar o nome da esposa pelo da mãe, o do chefe pelo do marido,
• Cargas emocionais despropositadas que aplicamos em determinadas situações,
• Repetição de nossos discursos,
• Naquilo que criticamos nos outros, que funcionam muitas vezes como um espelho de nós mesmos,
• Conteúdos dos sonhos,
• Tiques nervosos,
• Pensamentos que escondemos de todos e até tentamos esconder de nós mesmos,
• Sintomas físicos reais, como dores e disfunções orgânicas, que se manifestam na somatização.

Através de um estudo detalhado desses comportamentos podemos retornar às origens daquilo que os produziram, tirando conclusões sobre os conteúdos guardados no inconsciente. É preciso refletir sobre quais as motivações que nos levaram a reprimi-los, ou seja, que conceitos equivocados sobre nós mesmos tentamos manter, e que são ameaçados caso esses conteúdos sejam conhecidos. Esse entendimento proporciona a percepção exata de nossos mais profundos desejos, muitas vezes altamente censuráveis pelo Ego, e que evitamos enxergar.

Disso, surge uma outra questão: que imagem nós desejamos manter para o mundo exterior? Uma imagem que, apesar de irreal, traz alguma forma de gratificação? Todas essas reflexões vão clarificando a visão que temos de nós mesmos, tornando nossos pensamentos e decisões mais conscientes e próximos da realidade. Contudo, mesmo assim o lado sombra ainda não está passível de controle. Somente a experiência do cotidiano, em que vamos confrontando nossos comportamentos mais espontâneos com a compreensão de nossa mente é que, entre erros e acertos, pouco a pouco, o caminho de nossa libertação vai surgindo.

Certamente que é um processo difícil, que exige paciênia e perseverança. Mas vale a pena, qualquer esforço valerá sempre à pena quando tem o propósito de mostrar a verdade e como viver melhor conosco mesmo e com tudo o que trazemos dentro de nosso consciente e inconsciente. Para isso será necessário a ajuda de um profissional. Não deixe para depois, comece já! E o sucesso será certo!

“É impossível haver progresso sem mudança e, quem não consegue mudar a si mesmo, não muda coisa alguma.” - George Bernard Shaw

   Comentários
Nossos leitores já fizeram 5 comentários sobre este artigo:
 

De: sandra oestmann (em 22/08/2014 - 17:02)
Poema de Fernando Pessoa
EROS E PSIQUE

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E torna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

De: Beth (em 19/09/2013 - 14:04)
Obrigada Georgia,
A ideia dos artigos, além de exemplificar a base do meu trabalho e o que eu penso, é passar adiante conhecimento e saber que vc conseguiu entender a SOMBRA me deixa muito contente. Com certeza será muito útil pra sua vida. Abraço Carinhoso

De: georgia hernandez (em 15/06/2013 - 18:27)
Muito bom
que maravilha este texto, há muito ouço falar do lado sombra e só agora consegui entender.
parabéns!
sugiro que possamos divulga-lo nas redes sociais.
abraço de luz.

De: Beth (em 04/11/2011 - 14:16)
PARABÉNS!
Olá Oswaldo! Fico feliz que tenha gostado. Parabéns pelas suas conquistas! Abraços,

De: oswaldo costa matta (em 31/10/2011 - 19:58)
meu sucesso
gostei muito desse artigo, me fez enchergar um pouco mais o meu inconsciente, venho fazendo mudancas em minha vida, como deixar de beber, pois errei muito com a bebida, deixei com esforcos proprios,tenho muita perseveranca, nao como mais carne, somente peixe, venho mudando habitos que para mim acho ruim. relacionamentos com as pessoas, estou comecando a entende-las mais, achandos normais pela imaturidade,ou seja estou mudando muita coisa em minha vida com sucesso.

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